As prefeituras de Alcobaça, Caravelas, Mucuri, Nova Viçosa e Prado ingressaram com uma Ação Civil Pública exigindo que as mineradoras Vale, BHP Brasil e Samarco paguem R$ 780 milhões em indenizações. A iniciativa, protocolada na comarca de Nova Viçosa, escancara a indignação dos gestores municipais diante da exclusão da Bahia no acordo de Repactuação firmado em 2023.
O rompimento da barragem em Mariana, em 2015, despejou milhões de metros cúbicos de rejeitos no mar, destruindo ecossistemas e comprometendo atividades econômicas que sustentavam comunidades inteiras. A pluma de lama percorreu mais de 600 quilômetros até chegar ao litoral baiano, impactando pesadamente áreas como o Parque Nacional dos Abrolhos.
Segundo os prefeitos, a postura das mineradoras revela desprezo pelas populações atingidas. “Pedimos para participar das negociações, mas fomos ignorados. A exclusão é mais uma violência contra nosso povo”, afirmou um gestor.
A cobrança judicial não é apenas uma questão de valores. Representa a luta por dignidade, reconhecimento e reparação dos danos que permanecem vivos no cotidiano das comunidades pesqueiras e turísticas. Famílias relatam perda da renda, da segurança alimentar e da tranquilidade de viver em harmonia com a natureza.
A demora em responsabilizar as empresas e reparar os danos acirra a sensação de abandono. Para as prefeituras, não é mais possível esperar soluções negociadas de gabinetes fechados e distantes da realidade local. A Justiça torna-se o último recurso para que o sofrimento não siga invisível.